quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Hasta la vista, baby.

Se fosse escrever sobre os diálogos que considero interessantes na história do cinema, seria diversão pura E, devo confessar, que mesmo não querendo monopolizar, Quentin Tarantino estaria presente em várias citações.

Vamos às frases. Tem frases curtas que dizem tudo e, se quiserem colocar mais palavras para aumentar, estraga. Perde o efeito e a beleza. Tem as longas e entendíveis, porém tem as longas que parecem um festival de palavras estranhas e bizarras, mas que mesmo não entendendo o significado, a gente gosta!

Tem a breve frase dita em 1986, quando eu ainda era uma recém-nascida moribunda, proferida pelo personagem de Sylvester Stallone, no filme Stallone Cobra: “Você é um cocô e eu vou matar você!”. Olha que precisão! Na verdade a frase original é: “Você é um imaturo, você é um cocô e eu vou matar você!”. Mas do imaturo nem precisava... Quem é que quer saber de imaturidade quando se é chamado de cocô. Eu não lembro, mas dizem por aí que no mesmo filme ele disse: “Com louco eu não negocio, eu mato”. É por isso que eu friso que frases como essas são perfeitas desse jeito: sucintas e diretas.

Continuando nas curtas, porém de impacto imediato, tem aquela que fez parte da infância e dá uma saudade do diabo: “Oi, eu sou o Chucky, quer brincar?”. Morria de medo! Chucky, seu canastrão, não conseguia dormir direito por sua causa. Uma inesquecível, também, de qualquer infância que se preze é aquela da garotinha loira e sem rodeios: “Meninos têm pênis e meninas têm vagina”. Era uma alegria só quando passava “Um tira no jardim de infância” na Sessão da Tarde.

Tem as fofas e ingênuas, também. Forrest Gump é perito nessas, como aquela assim “Minha mãe sempre diz: a vida é como uma caixa de chocolate. Você nunca sabe o que vai encontrar”. Ou: “Minha mãe sempre diz: idiota é aquele que faz idiotices”.

Tem aquelas frases que precisam ser lidas aqui em inglês, senão não tem graça alguma. Devido à dificuldade, uma caixa inteira de Ferrero Rocher para quem decifrar de qual filme faz parte essas duas frases: “Why so serious?” e “Let’s put a smile on that face”. Difícil, não?

Frases desesperadoramente tristes, como a do Homem Elefante: “Eu não sou um animal! Eu sou um ser humano!”. Só de pensar nesse filme, dá uma vontade tremenda de chorar. Derramei algumas lágrimas com o John Merrick, coitado... Tenho uma afeição por esse personagem, que chega a ser comovente.

Tem aquela frase que desperta, em todos nós, um sentimento de cumplicidade. Praticamente todo mundo já ouviu, falou ou pelo menos pensou: “Cara, cadê meu carro?” (título de um filme). Pode ter sido por amnésia ou, o que é mais provável, embriaguez.

As de humor, então! Tem algumas ótimas, como a do filme Noivo Neurótica, Noiva Nervosa, do Woody Allen: “Não fale mal de masturbação! É fazer sexo com uma pessoa que amo!”. Poderia citar frases do Monty Python, como: “Há alguma mulher aqui hoje?”. Monty Python tem um humor inigualável e inquestionável, na minha opinião.

Como isso aqui está extenso demais, vou fechar com Quentin Tarantino. Depois de Ellen dizer que matou Pai Mei, para Beatrix Kiddo, esta diz: “Sua vaca, você não tem futuro”. Puro ódio. Ninguém mata o Pai Mei e sai impune, minha cara. Tem a frase refletiva do Budd: “Essa mulher merece se vingar. E nós merecemos morrer. Mas, por outro, ela também merece”. E tem aquela dita pela personagem da Lucy Liu: “Era mesmo uma Hattori Hanzo”. Arrepiei.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Holmes. Sherlock Holmes.

Devido ao meu fascínio pelo mundo detetivesco (sim, a palavra existe), poderia aqui fazer comentários sobre os detetives populares literários que fizeram parte da minha infância, adolescência e, espero, velhice, como o belga baixinho, careca e bigodudo, Hercule Poirot, a velhinha esperta Miss Marple (ambos da Agatha Christie), o francês e precursor Auguste Dupin (do Edgar Allan Poe), entre outros.

Porém, dedicarei o espaço a um dos mais geniais detetives já criado: Sherlock Holmes. Para quem não o conhece, segue algumas informações básicas: Sherlock Holmes não gosta de campo e nem de praia. Age sempre com a razão e nunca, nunca!, com a emoção. Não gosta de esportes, mas como toda regra tem exceção, tem grande conhecimento em esgrima e boxe.

Combina lógica dedutiva com métodos científicos, sendo um grandessíssimo observador. Morou, durante um período, com Watson. Doutor Watson, que é seu parceiro nos mistérios e casos policiais a serem solucionados. Holmes é capaz de olhar para você durante alguns minutos e dizer sua profissão ou o que fez durante o dia. Isso quando você deixar pequenos vestígios, ou seja, sempre.

Para quem quiser começar a ler as obras de Sir Arthur Conan Doyle, comece por “Um estudo em vermelho”, onde Holmes apareceu pela primeira vez em 1887. O personagem é fictício, porém muitos acreditaram que o detetive realmente existiu, vivendo na Rua Baker Street, como nos livros. Cartas, muitas cartas, foram enviadas, por fãs, ao endereço, e acredito que ainda o são.

Sherlock Holmes é um dos personagens literários que mais estudos tiveram na história. Estudos, referências em palavras cruzadas, adaptações, representações teatrais, e por aí vai.

Certa vez, Holmes foi visitar seu médico e parceiro Watson e, depois de dois minutinhos de prosa, disse:

- Percebo que você não esteve bem de saúde, recentemente. Esses resfriados de verão são um problema!

- Realmente, fiquei confinado em casa por três dias, na semana passada, devido a um forte resfriado. Pensei que minha aparência já estava totalmente recuperada.

- Está mesmo. Você parece estar muito bem, diz Sherlock.

- Então como sabe?

- Meu caro amigo, já conhece meus métodos.

- Deduziu, então?

- Claro que sim.

- Como?

- Observando seus chinelos.

Ahá! Chinelos, gente. Sherlock Holmes deduziu que o amigo estivera doente devido à avaliação minuciosa que fez dos seus chinelos. Eis a explicação do detetive:

“Seus chinelos são novos. Você não os tem há mais do que algumas semanas. O solado, que nesse momento está virado para mim, apresenta-se levemente queimado. Por um minuto pensei que eles se molharam e foram queimados ao serem postos para secar. No entanto, do lado interno há um pedacinho de papel com a marca da loja onde comprou. A umidade teria removido essa etiqueta. Portanto, você ficou alguns dias com os pés estendidos para a lareira, o que ninguém faria, num mês quente como junho, se estivesse com a saúde perfeita”.

Elementar, meus caros leitores. Como é que não deduziram isso antes? Por essa razão, e outras inúmeras, é que Sherlock Holmes humilha o cabeção.


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

J. L. Godard

Passion (1982)



Eu estava apressadamente nascendo quando Godard estava, provavelmente, com muita tranquilidade fazendo mais uma obra de arte.
O primeiro filme do blog é em homenagem ao cara que me vez ver (ou sentir) que Hollywood estava com nada. A moda na minha cabeça é Godard.
Na verdade não foi esse o filme, mas após uma dupla sessão de Acossado e Deus e o Diabo na Terra do Sol não pude sair ileso. Descobri o CINEMA.

Sinopse:
Cineasta polonês Jerzy tenta fazer um filme baseado em alguns quadros famosos. Enquanto filma, inicia uma relação amorosa com Isabelle que acaba de ser demitida da fábrica de Michel que mantém outro relacionamento amoroso, com a dona do hotel onde a equipe de filmagem está hospedada. Passion, não é um filme de história, é um filme de sensações, de sentimentos, de imagens, de vibrações.
Godard conseguiu misturar casos de amor, a desigual relação patrão-empregado, o famoso sindicato polonês Solidariedade, a arte da pintura de Delacroix e Rembrandt. E ainda o mundo cinematográfico, a arte de filmar, de buscar a luz perfeita. Misturar amor, pintura, e ainda discutir política de forma tão crítica e contundente, é algo que só Godard poderia fazer.



Próxima vez não serei professor de História, mas de sensações, de sentimentos, de imagens, de vibrações.

Apreciem, mas sem moderações:
parte1 parte2

PS: legendas estão inclusa no vídeo.

domingo, 22 de novembro de 2009

BNegão e os Seletores de Frequência


Apreciem esse disco. Principalmente as letras.
Boas mensagens para uma humanidade que caminha no caos.

Lembrando que o cara colocou o disco nas bancas de revistas por R$ 11,90, mas pra quem ainda achou caro, as músicas foram disponibilizadas pela banda também no Centro de Mídia Independente.
Músicas no CMI para download separadamente.


Exugando Gelo (2003)

1. A Palavra / O Primeiro Passo
2. Nova Visão
3. Seletores de Frequência
4. Enxugando Gelo
5. (Funk) Até o Caroço
6. A Verdadeira Dança do Patinho
7. Qual É O Seu Nome?
8. O Opositor
9. No Hay
10. V.V.
11. Dorobo
12. O Processo
13. Prioridades

Pra quem quer baixar tudo ao mesmo tempo agora:
download

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Da mesma mão que nasce o trabalho

Abaixo uma poesia do nobre poeta pousoredondense, Geovane Jaime de Souza, e por que não dizer o maior poeta da história da cidade?




Da mesma mão que nasce o trabalho
Nasce a escravidão


A mesma mão que alimenta
Tira o pão


A mesma mão que acaricia
Também apunhala


A mesma mão que liberta
Também cala


Assim como o consolo pode ser ofensa
A morte uma sentença
A vida um devaneio

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O VERDADEIRO TERRORISTA de Bourdoukan

Belo texto do Bourdoukan.
Reforçando a mensagem:
não percamos a esperança, a vitória não é rápida mas é certa!




Amigo, não se engane!
O verdadeiro terrorista é o sistema capitalista.
Não pode haver honestidade enquanto houver patrão e empregado.
Não pode haver felicidade enquanto uns comem, outros não.
Não pode haver civilização enquanto houver fronteiras.

Sangue e violência são o combustível do capitalismo. O capitalismo é perverso, seja qual for sua coloração.

O capitalismo é racista! Veja o que acontece em Israel. Muros são erguidos para segregar semitas palestinos. E para você que crê, o capitalismo é inimigo de Deus! Se a César o que é de César, o que Deus faz na moeda que rege o mundo?

O capitalismo é tão cruel que criou o Operário Padrão, exemplo de serviçal que depois de mastigado é escarrado para longe.

O capitalismo é aquele que ensina a pescar onde não há peixes.

O capitalismo representa todas as misérias que os humanos têm a baixeza de ambicionar.

No capitalismo a miséria entra pela porta, a virtude sai pela janela.

Amigo, não perca a esperança! O capitalismo está agonizante! Ele é como o fogo que devora a si próprio quando nada mais encontra para devorar..

Amigo! Você nada tem a temer, a não ser o estado letárgico em que se encontra. Lembre-se: a águia de bico atômico tem asas de barro!
Agora é com você!

Georges Bourdoukan
http://blogdobourdoukan.blogspot.com/

DonaZica




Rapaziada, estou postando os dois discos da banda DonaZica.
São pérolas da modernidade sonora brasileira.
Além do som ser agradável e fugir do feijão com arroz sem sal, as letras são excelentes.
Provando que as bandas boas não morreram na década de 70, mas que a midiazona não contribui para a cultura geral.

Ouçam meninos e meninas, mas não esqueçam de ser de verdade.

COMPOSIÇÃO (2002)
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FILME BRASILEIRO (2005)
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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

QUERIA PARAR DE TOMAR BANHO

queria parar de tomar banho
mas não me entendam mal
ficar limpinho é gostoso.

queria parar de tomar esse banho chato
liga o chuveiro e aquela água encanada cai
pega a toalha e veste a roupa

ô coisa chata...

queria que nos quintais tivessem riachos
que eu pudesse sujo e triste correr e mergulhar
sair limpo e alegre com o resto do pessoal
tudo pelado sem pudor nem nada
o banho não é pra ficar limpo
é só uma brincadeira que no final todos saem limpos

...e deixar a bunda secar no sol gostoso.


queria parar de trabalhar
mas não me entendam mal
não é preguiça pura.

é parar de trabalhar esse trabalho
que o objetivo parece ser movimentar contas correntes
e comprar coisas que eu viveria melhor sem elas

ô coisa chata...

queria um fazer de coisas, simplesmente
sair por aí pegar um peixinho na lagoa
junto com o resto do pessoal
acender a fogueira matar a fome
sem preocupação de quem pesca mais ou nada
é só uma pescaria que no final todos saem de barriga cheia

...e se deixar esquentar com calor daquela brasa.


queria para de viver só essa vida acordada
mas não me entendam mal
não é fuga da realidade.

é essa vida cartesiana limitada
que só explica o funcionamento do relógio e afins
e que dá razão pra tudo e cria pessoas sem razão de nada

ô coisa chata...

é também aprender a vida sonhada
ampliar de verdade esse universo de possibilidades
saber conversar com pessoal sem as palavras
ou quem sabe com despalavras
saber sem precisar explicar, ver sem precisar enxergar
fazer uma misturação do sentir com o pensar

...e aprender amar com todo o meu ser.